O futuro da construção sustentável: uma abordagem baseada nos 3R’s
A partir da década de 60 os questionamentos sobre a limitação dos recursos naturais e suas formas de extração tornaram-se um alerta ao redor do mundo, foi nessa época que os cientistas definiram o que é sustentabilidade e criaram o conceito de economia circular.
Desde então a sustentabilidade vem sendo um dos assuntos mais discutidos no mundo, com o objetivo de preservar o equilíbrio do desenvolvimento social e preservar o meio ambiente pensando nas próximas gerações.
No âmbito da construção civil, esse assunto vem sendo cada vez mais debatido, mas uma dúvida persiste: como minimizar o desperdício de materiais? Seguir os 3 R’s da sustentabilidade é a forma, e nesse artigo vamos te mostrar como.
O que são os 3 R’s?
Reduzir, reutilizar e reciclar, a política dos 3 R’s deve ser usada nessa ordem, para assim reduzirmos o consumo ao máximo, reutilizarmos produtos e materiais enquanto puderem ser reutilizados e, por último, reciclarmos aqueles que tiverem chegado ao fim de sua vida útil.
Seguindo essas práticas é possível diminuir o custo de vida reduzindo gastos, principalmente no setor industrial. Além disso é possível favorecer o desenvolvimento sustentável global e contribuir para a reversão dos impactos negativos causados na natureza, estendendo ao máximo possível a utilização de produtos, materiais e recursos.
Como aplicar os 3 R’s na construção civil?
Reduzir: planejar, armazenar e acompanhar, são princípios que ajudam a reduzir os resíduos gerados em uma construção civil. Dessa forma, você garante que não haverá desperdício de materiais.
Ter a consciência dos elementos que podem ser reciclados e reutilizados, e separá-los corretamente também ajuda com a redução de resíduos. Os materiais são divididos em 4 classes, confira abaixo:
Classe A – resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados
- Resíduos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, incluindo solos provenientes de terraplanagem;
- Resíduos de componentes cerâmicos como tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto;
- Resíduos de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto, como blocos e tubos, que são produzidos nos canteiros de obras.
Classe B – resíduos recicláveis para outras destinações
- Plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.
Classe C – resíduos sem tecnologias ou aplicações viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação.
- lixas e estopas.
Classe D – resíduos perigosos oriundos do processo de construção
- tintas, solventes, óleos ou outros materiais que estejam contaminados com elementos prejudiciais à saúde, como telhas de amianto.
Reutilizar: tendo separado cada tipo de material, chegou a fase de reaproveitá-los.
Para serem reaproveitados, os materiais passam por um processo de trituração, que agrega valor aos resíduos.
Após a separação, os resíduos são classificados com o tamanho da fração: areia, brita, pedrisco, bica corrida e outros. Em seguida são comercializados como matéria prima secundária, que também pode servir para fabricar produtos de base para a construção civil como tijolos, blocos de cimento, entre outros.
Reciclar: o aço, utilizado nas estruturas das obras, é considerado um dos materiais mais reciclados em todo o mundo, graças à sua durabilidade, resistência e à capacidade de ser reciclado infinitas vezes sem perder suas características essenciais, tornando-o ideal para esse processo.
O processo de reciclagem do aço envolve várias etapas, desde a coleta até a produção de novos produtos. Inicialmente, a coleta de sucata de aço é realizada a partir de diversas fontes, como resíduos industriais e demolição de construções.
Em seguida, a sucata é submetida a um processo de processamento que inclui triagem, limpeza e classificação, a fim de remover impurezas e separar os diferentes tipos de aço. Após essa fase, o aço é fundido em fornos especiais, com a adição complementar de minério de ferro e elementos de liga. Isso resulta na produção de lingotes ou placas de aço que servirão como matéria-prima para a fabricação de novos produtos.
É importante destacar que esse processo não apenas é eficiente em termos energéticos, mas também requer menos recursos naturais quando comparado à produção de aço virgem, o que contribui significativamente para a redução dos impactos ambientais.
De acordo com a Federação Internacional da Indústria da Reciclagem – BIR (Bureau of International Recycling), a reciclagem de uma tonelada de aço resulta na economia de 1.100 quilos de minério de ferro, 630 quilos de carvão, 55 quilos de calcário, 1,8 barris de petróleo e 2,3 metros cúbicos de espaço em aterros sanitários. Isso destaca a importância da reciclagem do aço como uma prática sustentável e econômica.
O aço reciclado encontra uma variedade de aplicações importantes, contribuindo para a economia circular e a preservação do meio ambiente. Aqui estão algumas das principais áreas em que o aço reciclado é aproveitado:
- Fornos Elétricos a Arco e Conversores a Oxigênio;
- Construção Civil;
- Pavimentação de Estradas;
- Indústria Cerâmica;
- Agricultura;
- Fabricação de automóveis;
- Embalagens;
- Produtos da Linha Branca;
- Fabricação de cimento e concreto.
A adoção dos princípios dos 3 R's da sustentabilidade na construção civil não apenas traz benefícios econômicos, mas também é fundamental para a preservação do meio ambiente. Portanto, torna-se uma prática indispensável no setor da construção.